A Verdade Existe? Ou é Relativa?

Jorge A. Ferreira
6 min readOct 27, 2024

--

Implicações sociais e espirituais sobre a relação da verdade objetiva diante de um mundo secularizado.

entendendo a relação da verdade opbjetiva e sua importância diante da realidade.
Porque a verdade existe e não pode ser negligenciada

A questão da existência da verdade tem sido debatida ao longo dos séculos por filósofos, teólogos e cientistas. Ao contrário do ceticismo moderno, que muitas vezes relativiza a noção de verdade, a busca por uma verdade objetiva e universal é uma necessidade inata da condição humana. Este artigo explora o contexto histórico-filosófico da questão, as implicações sociais e políticas de se reconhecer uma verdade, e como a perspectiva cristã fornece uma resposta robusta e cristocêntrica para a pergunta fundamental: Por que a verdade existe?

Por que a Verdade Existe?

1. Contexto Histórico e Filosófico: A Busca pela Verdade

A pergunta sobre a existência da verdade é uma das mais antigas questões filosóficas. Desde Platão e Aristóteles, os pensadores gregos estavam preocupados em entender a natureza da verdade. Para Platão, a verdade era transcendente e atemporal, acessível apenas por meio da razão e da contemplação das Ideias ou Formas. Aristóteles, por outro lado, defendia uma abordagem mais empírica, onde a verdade se revelava por meio da observação do mundo natural e do uso da lógica.

Esses conceitos foram refinados durante a Idade Média, quando filósofos e teólogos cristãos, como Agostinho e Tomás de Aquino, buscaram harmonizar a tradição filosófica grega com a revelação cristã. Tomás de Aquino, em particular, definiu a verdade como a adequação do intelecto à realidade (veritas est adaequatio rei et intellectus). Ou seja, algo é verdadeiro quando o que se pensa ou se diz corresponde ao que de fato é.

Já no período moderno, o ceticismo filosófico começou a ganhar força. Descartes, por exemplo, iniciou sua filosofia duvidando de tudo o que não pudesse ser provado de forma indubitável. No entanto, seu famoso cogito, ergo sum (“penso, logo existo”) acabou reafirmando que a verdade existia, pelo menos na forma da certeza do pensamento. No entanto, com o advento da pós-modernidade, muitos começaram a questionar a possibilidade de se conhecer ou mesmo de definir uma verdade objetiva.

2. Repercussões Filosóficas: A Relatividade e o Realismo

A discussão sobre a existência da verdade geralmente oscila entre duas visões opostas: o relativismo e o realismo. O relativismo, cada vez mais popular na cultura moderna, defende que a verdade é subjetiva e depende do ponto de vista individual ou cultural. De acordo com essa visão, o que é “verdade” para uma pessoa pode não ser para outra, e não há uma verdade absoluta que transcenda as interpretações individuais.

Por outro lado, o realismo filosófico sustenta que a verdade é objetiva e independente da percepção humana. Existem verdades universais que podem ser descobertas e que não mudam com o tempo ou circunstâncias. A matemática e as leis naturais são exemplos de realidades que existem e são verdadeiras, independentemente de qualquer perspectiva humana.

O cristianismo, em sua essência, defende uma visão realista da verdade, afirmando que Deus é a verdade suprema, e que essa verdade pode ser conhecida. Jesus, ao afirmar “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6), apresentou-se como a própria encarnação da verdade, estabelecendo um fundamento teológico profundo que refuta o relativismo e exalta a verdade absoluta como central à realidade.

3. Transformações Sociais e Políticas: O Colapso da Verdade e as Consequências do Relativismo

As implicações sociais e políticas de se negar a existência de uma verdade objetiva são graves. O relativismo, ao negar que haja uma verdade absoluta, acaba promovendo um colapso moral e ético. Sem uma verdade objetiva que possa servir de parâmetro, as sociedades se tornam vulneráveis ao caos, onde o poder e a opinião de grupos dominantes passam a moldar o que é considerado “verdade”.

Um exemplo clássico pode ser encontrado nas ideologias totalitárias do século XX, como o nazismo e o comunismo, que moldaram suas próprias “verdades” políticas e sociais. Ao redefinirem o que era moralmente aceitável com base em seus próprios interesses, essas ideologias trouxeram destruição e desumanização em escala massiva. A verdade, quando relativizada, pode ser manipulada para servir ao poder, destruindo o senso de justiça e os direitos humanos.

No mundo atual, essa realidade continua a se manifestar em debates culturais e políticos. O fenômeno das “fake news” e a manipulação da informação mostram que, sem um compromisso com a verdade objetiva, as sociedades enfrentam crises de confiança nas instituições e na própria democracia. A erosão da verdade leva ao ceticismo generalizado, e uma sociedade que não acredita mais na verdade objetiva perde a coesão necessária para o florescimento da justiça e do bem comum.

4. A Verdade e a Perspectiva Cristocêntrica

Do ponto de vista cristão, a verdade não é apenas um conceito abstrato, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é a verdade encarnada, a revelação plena e final de Deus ao mundo. A partir dessa perspectiva, a verdade existe porque Deus existe. Assim como a criação reflete a glória do Criador, a verdade reflete a natureza de Deus — imutável, absoluta e eterna.

O cristianismo nos ensina que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27) e, portanto, tem a capacidade de conhecer a verdade. No entanto, por causa da Queda, o homem se afastou da fonte da verdade, passando a viver em uma realidade distorcida pelo pecado. Nesse contexto, a revelação de Cristo e a ação do Espírito Santo tornam-se essenciais para que possamos conhecer a verdade plena.

Jesus, ao proclamar-se a Verdade, também nos dá um caminho para vivermos em conformidade com ela. A verdade não é apenas algo a ser conhecido intelectualmente, mas a ser vivido. O cristão é chamado a viver de acordo com a verdade, refletindo o caráter de Cristo em sua vida diária. Isso implica em uma postura de honestidade, integridade e fidelidade a Deus, em contraste com o espírito relativista que marca o mundo contemporâneo.

Aplicação Cristocêntrica para os Dias Atuais

Nos dias atuais, a verdade ainda é um tema central, especialmente em uma era onde o relativismo moral e as ideologias culturais competem para definir a realidade. A verdade existe porque Deus existe, e Ele é o fundamento último de toda realidade. Jesus Cristo, como a verdade encarnada, nos chama a viver à luz dessa verdade, não apenas em nossas crenças, mas em nossas ações.

A aplicação prática dessa verdade é clara. Em um mundo marcado pela incerteza, pelo cinismo e pela desconfiança generalizada, os cristãos são chamados a serem testemunhas da verdade. Isso significa defender a verdade absoluta em meio ao caos relativista, ser farol de justiça e amor em meio às distorções morais e políticas, e, acima de tudo, viver de forma autêntica, refletindo a verdade de Cristo.

Viver a verdade de Cristo significa ter coragem para ir contra as marés culturais que negam a verdade objetiva, e isso pode implicar em sacrifício e oposição. No entanto, como Cristo nos mostra, a verdade é libertadora (João 8:32). Ela não apenas nos dá uma base sólida para nossa vida, mas também nos permite viver de maneira plena, com propósito e sentido, sabendo que, ao final, a verdade prevalecerá.

Se Deus é, a verdade é

A verdade existe porque Deus existe, e ela é o reflexo de Sua própria natureza. A busca pela verdade é, em última análise, a busca por Deus. Enquanto o mundo tenta relativizar e distorcer o que é verdadeiro, o cristianismo permanece firme em sua proclamação de que há uma verdade objetiva e absoluta, revelada em Jesus Cristo. Ele é a verdade que transcende as eras e permanece inabalável. Portanto, a verdade não apenas existe, mas é o alicerce de toda realidade — e viver em conformidade com ela é o chamado de cada cristão.

Fonte Original: Por que a Verdade Existe?

Sign up to discover human stories that deepen your understanding of the world.

Free

Distraction-free reading. No ads.

Organize your knowledge with lists and highlights.

Tell your story. Find your audience.

Membership

Read member-only stories

Support writers you read most

Earn money for your writing

Listen to audio narrations

Read offline with the Medium app

--

--

Jorge A. Ferreira
Jorge A. Ferreira

Written by Jorge A. Ferreira

Cristão, casado, pai de quatro filhos, Bacharel em Teologia, Licenciando em Filosofia e Escritor de alguns Livros sobre teologia.

No responses yet

Write a response